Memória, saudade e vitórias. Palavras que podem traduzir um pouquinho do que foi o espetáculo Empate no Entardecer com Chico Mendes nesta quinta-feira, dia 26 de setembro, na escadaria do Palácio Rio Branco, centro da Capital.
Nas primeiras filas da plateia, a família Mendes de Xapuri assistiu a representação do que eles viveram há 25 anos. Tão heroína quanto seu primo Chico, Marlene Mendes, estava lá. Ela é a mulher que teve a ideia de colocar as crianças e mães a frente dos seringueiros para protege-los dos tiros dos jagunços e da polícia e impedir a destruição da floresta, o Empate. Raimundão, Nilson, Antônio, Tião, Duda, Júlio Barbosa, Nazaré, Francisca, Osvaldo... e outros tantos parentes e companheiros de luta estavam lá. Os filhos Angela, Sandino, Elenira e Ilzamar, a ex-mulher de Chico Mendes, também. Para eles, memória e saudade.
Para outras 800 pessoas entre público e artistas, a maioria jovens estudantes que nasceram pós 1988, era uma aula sobre a própria História. A morte de Chico e companheiros de causa como Wilson Pinheiro e Ivair Higino chamaram atenção do mundo para as atrocidades socioambientais que aconteciam naquela década. De lá para cá, os avanços por proteção legal das áreas e a valorização dos povos da floresta foram significativos. O Brasil deu passo a frente no cenário mundial nas discussões sobre o tema. A criação das Reservas Extrativistas, o Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE e até mesmo a criação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC são exemplos de avanços no Acre.
“Hoje ninguém mexe com a gente. Hoje cada um de nós é patrão das terras que tiramos nosso sustento e sabemos a importância da floresta”, contou Duda (Antônio Teixeira Mendes), primo-irmão de Chico. “Depois de Chico muitos companheiros chegaram ao poder para nos representar e com isso passamos a ser vistos e a eles agradecemos. Nossa luta porém é constante por cada jovem, cada criança porque é para eles que lutamos”, disse Raimundo Mendes. “Hoje Xapuri tem ensino técnico e superior, e chegou também nos seringais. Tudo isso foi graças a lideranças que priorizaram o povo e seu ambiente”, destacou a filha mais velha de Chico, Angela.
Espetáculo
O espetáculo Entardecer com Chico Mendes foi uma promoção do Comitê “25 Anos Chico Mendes Vive Mais” tendo como organizador a Fundação de Cultura Elias Mansour em parceria com o Instituto Federal do Acre, a banda da Polícia Militar e a Escola Adventista.
Com a direção de Ivan Di Castela, o Teatro formado por alunos do IFAC/Câmpus Xapuri encenou o “Empate”. Boa parte dos atores são filhos de seringueiros e seus pais foram contemporâneos e amigos do líder xapuriense. O Coral Chico Mendes integrado por alunos e servidores do IFAC abriu o espetáculo com três canções sob a regência do Prof. Deimisson. Toda a organização da participação dos jovens do Câmpus Xapuri em Rio Branco teve o acompanhamento direto dos diretores da Unidade, Prof. Sérgio Flórido, Prof. Paulo Teixeira e Júnior Moreira e da professora de Artes, Josiane Cestaro.
Com 140 vozes, o Coral da Escola Adventista sob a regência do pastor Adams também encantou. A banda da Polícia Militar sob a regência do tenente Romeu também.
Com todas as vozes cantando o Hino do Acre a bandeira foi hasteada na fachada do Palácio Rio Branco. “É como Chico Mendes estivesse nesta hora em audiência em nossos corações”, comentou o organizador da atividade, Prof. Marcos Afonso, diretor da Biblioteca da Floresta.
“O legado maior que Chico Mendes nos deixou foi da força do amor, a força da humildade. Essa é a altura do nosso desafio”, expressou o governador Tião Viana.
(Confira mais fotos do evento no Facebook da Rede IFAC. Algumas fotos são de autoria de Sérgio Vale da Agência de Notícias do Acre)
FONTE: SEX, 27 DE SETEMBRO DE 2013 17:23 ANA CRISTINA SANTOS SITE: https://www.ifac.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2154%3Axapuri-encena-a-sua-historia-que-mudou-o-brasil&catid=44%3Axapuri&Itemid=85